Aos 7 anos, Jonilson passou a frequentar a Inspetoria Salesiana de São Paulo, localizada na região oeste da capital paulista. Na organização, fez aulas de teatro, formação pessoal e religiosa, até começar a fazer cursos profissionalizantes no contraturno escolar.
“Os meus pais sempre trabalharam muito, então eles precisavam de um lugar para eu e meu irmão ficar nesse período. O bairro em que morávamos era perigoso e eles tinham muito medo da rua. Eles encontraram essa organização e foi um dos melhores lugares que eu frequentei. Eu fiquei aqui aproximadamente 8 anos e foi uma experiência muito importante para a minha vida”, relata Jonilson ao se lembrar dos momentos que viveu na organização.
Já adulto, conta feliz que tudo o que aprendeu durante os cursos fez parte da pessoa que se tornou hoje. Tanto carinho, fez com que Jonilson aconselhasse sua esposa a colocar seus enteados na Inspetoria. Não poderia ser diferente, visto que o lugar guarda tantas memórias boas.
“As pessoas me deram muitos conselhos aqui e sempre me puxaram para o lado bom. Eu sou muito grato e tenho um carinho imenso por esse lugar”, menciona.
Seu enteado, Matheus*, de 15 anos, atualmente frequenta o curso profissionalizante de administração, enquanto Eduarda*, de 11 anos, participa do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA), que oferece aulas de futebol, teatro e artesanato também no contraturno escolar.
Porém, todas as aulas foram suspensas por causa da pandemia ocasionada pelo Coronavírus que afetou o Brasil em fevereiro. Tal fatalidade, essencial para frear a transmissão do vírus, fez com que a rotina da família mudasse repentinamente.
Com a esposa grávida e os dois filhos em casa, Jonilson conta os desafios que enfrenta durante a quarentena: “Está sendo bem complicado. Estamos em casa, mas mesmo assim continuamos trabalhando. Começamos a ficar no pé das crianças para elas estudarem, porque as aulas estão acontecendo online, pedimos para elas lerem um livro, fazerem alguma atividade, mas está sendo bem difícil. Às vezes todo mundo se estressa e acaba brigando e está sendo assim, altos e baixos durante esse tempo”, conta.
Pertencente ao grupo de risco para o contágio pelo vírus, sua esposa está trabalhando em home-office todos os dias. Já Jonilson precisa ir para a empresa pelo menos 2 vezes na semana.
Mas a adaptação na rotina, não é o único desafio enfrentado pela família, com todo mundo em casa, os gastos com alimentação aumentaram consideravelmente. Mesmo Jonilson recebendo o vale refeição da empresa que trabalha, o custo em casa quase dobrou.
“Com as crianças em casa, a gente aumentou muito o custo com a alimentação, porque 70% da refeição, durante a semana, era feita fora de casa. A nossa também, porque usávamos o vale refeição da empresa, então isso não pesava tanto na conta. Hoje, com todo mundo em casa, o custo aumentou bastante”, explica.
Para ajudar a minimizar os impactos causados pela pandemia e garantir para milhares de crianças e adolescentes o direito básico de se alimentarem, a Fundação Abrinq está, desde março, realizando doações de cestas básicas para organizações sociais parceiras, com o intuito de que as cestas sejam distribuídas para as famílias das crianças atendidas.
A Inspetoria Salesiana de São Paulo, conveniada ao Programa Nossas Crianças, foi uma das organizações contempladas com as cestas e a família de Jonilson foi uma das beneficiadas com a doação. Ao retirar a cesta básica, ele conta com alívio a importância de existirem ações como essa: “É de grande valia a cesta básica que estamos ganhando. Vai ajudar bastante”, finaliza.
Clique aqui e confira as fotos das entregas realizadas em São Paulo (SP).
*Nomes alterados para preservar a identidade das crianças.