Para muitos, a leitura pode aparentar ser algo simples, mas a realidade é que a prática tem o potencial de mudar a vida das pessoas. Foi o que aconteceu com a Natália*, uma adolescente de 12 anos que participou do Projeto Mudando a História, iniciativa da Fundação Abrinq que potencializa o protagonismo juvenil por meio da prática de mediação de leitura em espaços da comunidade.
Com o projeto, a organização oferece formações a adolescentes em situação de vulnerabilidade social, para que se tornem mediadores de leitura para outras crianças que pertencem à mesma realidade deles, ou seja, uma pessoa que não só lê um texto, mas guia a interpretação, explora significados e cria diálogos sobre a história, incentivando a imaginação, o pensamento crítico e a empatia.
A mediação de leitura é uma forma eficaz de aproximar crianças (mediadas) e adolescentes (mediadores) da literatura, e a iniciativa faz isso não apenas com aulas teóricas e práticas para os jovens, mas também expandindo o repertório cultural deles a partir de visitas gratuitas a espaços como museus, galerias e exposições. Isso é importante porque muitos dos participantes do projeto nunca têm a chance de frequentar lugares assim.
A história da Natália
Natália era uma dessas adolescentes e ainda tinha um problema maior. “Na verdade, eu nunca imaginei que estaria aqui, porque eu nunca fui boa em muita coisa, eu não me acho boa em muita coisa, eu não sei quase nada. E só pelo fato de saber que eu posso ajudar mais pessoas, estando aqui, já é ótimo, ajudando e ensinando as crianças”, contou ela em um dos encontros formativos.
É comum encontrar adolescentes com baixa autoestima nos programas e projetos da Fundação Abrinq, um fenômeno que acontece justamente pela falta de experiências diversas de vida impulsionada por uma situação de vulnerabilidade social, o que prejudica a construção da própria identidade.
Ainda assim, a atuação da organização com o Projeto Mudando a História se mostra fundamental para mudar a situação: o que era impotência – “eu não sei quase nada” – vira empoderamento – “ajudando e ensinando as crianças”.
Isso só foi possível também porque a Natália, apesar de não pensar muito de si mesma no começo, foi uma das adolescentes que mais se engajou com as atividades do projeto. Ela concluiu o curso com sucesso, conheceu vários lugares novos, e, além de ter aumentado a autoestima, hoje já lê melhor e até consegue falar bem em público.
*Nome e imagens fictícios para preservar a identidade da adolescente.