Rafael*, ou Rafa, como prefere ser chamado, tem 12 anos e mora em Salvador – BA. Em abril de 2024, sua mãe, Dona Vanda*, descobriu que a matrícula de seu filho havia sido cancelada pela escola. Imagine a dor de uma mãe ao perceber que seu filho, ao invés de frequentar as aulas, se escondia em uma árvore para evitar o bullying e as ameaças que sofria diariamente. A violência era tanta que Rafa temia até por sua vida.
Mas, apesar de tudo, ele sempre foi um menino carinhoso, comunicativo e cheio de criatividade. Amava participar das atividades do Centro Cultural Mamulengo (CCM), um coletivo apoiado pela Fundação Abrinq por meio do Projeto Coletivos. E foi nas oficinas de teatro de bonecos que ele criou uma personagem marcante para ele.
O coletivo oferece atividades voltadas para teatro de bonecos, que promovem debates sobre violência e a cultura negra. Atualmente, o grupo trabalha para expandir sua atuação por meio da formação de oficineiros, uma iniciativa apenas possível a partir do apoio financeiro mensal da Fundação Abrinq.
Quando Natan Silva, presidente do CCM, tomou conhecimento do caso de Rafa, ele sabia que algo precisava ser feito. Natan e sua equipe marcaram uma reunião na escola com a diretora, a mãe de Rafa e o próprio garoto, com o objetivo de criar um espaço de diálogo e proteção para ele.
No dia, enquanto a mãe relatava sua versão, rapidamente a diretora adiantava a lista de chamada e o decreto estadual sobre o cancelamento da matrícula em caso de faltas. No entanto, o que se discutia ali ia muito além de regras e burocracias escolares.
Não foi fácil para Rafa falar sobre o que estava passando – afinal, como se abrir sobre algo tão doloroso quando se é incompreendido? Mas, graças à sensibilidade de Natan e da equipe do CCM, a situação foi mediada com cuidado. A escola se comprometeu a realizar sua rematrícula em outro turno e a acompanhá-lo com apoio psicológico.
Pouco tempo depois, o garoto voltou a frequentar as aulas. Em uma das atividades do CCM, ele procurou a equipe do coletivo apenas para agradecer. Com um sorriso tímido, mas aliviado, contou que estava indo bem na escola e que a diretora, inclusive, também havia sofrido ameaças de outros alunos no mesmo turno em que ele estudava. Foi um momento marcante, mostrando que, apesar de tudo, o caminho de acolhimento e cuidado estava dando frutos.
“Ele é uma criança comum com seu jeito diferente. Infelizmente a escola não está preparada para lidar com a diversidade. Rafael relatou que ouvia ser chamado de gay, que ele merecia morrer, que ele era esquisito. Quando tomamos conhecimento do ocorrido de imediato entrei em contato com a diretora da escola e marcamos uma conversa”, relata Natan. “Hoje, a conversa com a escola segue para que a gente possa cada vez mais conscientizar os outros para que isso não aconteça mais”, finaliza.
Histórias como a de Rafa reforçam a importância de fortalecer a atuação de coletivos periféricos espalhados por todo o Brasil. E a Fundação Abrinq só consegue ajudá-los com o apoio de doadores que acreditam na causa da infância e da adolescência. Clique aqui, considere fazer uma doação e seja o responsável por transformar as vidas de outras crianças e adolescentes como o Rafa!
*Nomes e imagem fictícios para preservar as identidades de Rafael e sua mãe.