Em uma das comunidades mais famosas de São Paulo, Mariana* (13) costumava ouvir os colegas comentando sobre o baile funk, que acontecia quase todas as noites. A jovem, que se sentia deslocada por não participar, achou que era uma boa oportunidade de se enturmar ainda mais.
A mãe de Mariana trabalhava o dia inteiro. Cansada, ela ia dormir cedo, mas só depois de desejar boa noite para a filha. Certo dia, Mariana resolveu encontrar seus colegas no baile, escondida da mãe.
O que parecia ser apenas uma brincadeira para ficar mais próximo dos colegas acabou se tornando um verdadeiro pesadelo. Ao frequentar o baile funk, Mariana sofria diferentes tipos de violência sexual. “É muito comum as relações sexuais acontecerem dento do baile e depois dele. Sem consciência do que estão fazendo e seus riscos e sem proteção”, explica Wagner Lemes, coordenador da área social do Projeto Arrastão.
Mariana não parou de ir ao baile… até que um dia, uma febre alta e constante apareceu. Com ela, vieram também manchas vermelhas pelo corpo. Preocupada, a adolescente procurou a mãe. As duas foram para o hospital e, naquela noite, descobriram que a menina havia contraído sífilis.
Foi nesta mesma noite que a mãe de Mariana descobriu que a menina saía escondida e frequentava as festas da comunidade. A menina foi encaminhada para o Projeto Arrastão, organização parceira da Fundação Abrinq. Lá, mãe e filha receberam todas as orientações necessárias para iniciar o tratamento da doença. O Projeto Arrastão faz parte do Polo de Prevenção à violência doméstica e sexual à crianças e adolescentes, iniciativa conjunta com a Fundação Abrinq, sendo uma organização referência no tema e em ações preventivas.
Com cinco meses de tratamento, Mariana e a mãe mudaram de cidade. Elas decidiram escrever uma nova história em um lugar diferente, deixando para trás as lembranças ruins. Porém, elas levam o carinho e gratidão pela Fundação Abrinq e pelo Projeto Arrastão, que foram essenciais para que elas tivessem a oportunidade de mudar o rumo da vida delas.
História real. Depoimentos capturados durante o encontro das organizações da Rede Nossas Crianças, realizado pela Fundação Abrinq.
* A Fundação Abrinq utiliza nomes e imagens fictícias para proteger a identidade das crianças e adultos.