De acordo com dados compilados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Vigilância em Saúde, disponibilizados no Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, até outubro de 2021, 75% das notificações de violência e exploração sexuais envolviam menores de 19 anos em todo o país.
Como é o caso de Leila*, de Campo Grande – MS, que aos 9 anos vivenciou um dos piores momentos de sua vida: foi abusada sexualmente pelo próprio avô. Devido à violação, ela passou a ter crises de pânico e choro diárias. A história ficou ainda mais triste quando os profissionais envolvidos no atendimento de Leila souberam que sua mãe também havia sofrido violência sexual pelo agressor.
Após o ocorrido, a mãe de Leila foi procurar orientação sobre como acolher e realizar os atendimentos necessários para a filha. Foi quando conheceu a Fundação de Assistência à Pessoa Humana (FUNASPH) — uma instituição que mensalmente recebe apoio técnico e financeiro da Fundação Abrinq, por meio do Programa Nossas Crianças.
A FUNASPH é uma organização que atende uma população de maior vulnerabilidade social e, por meio do Projeto NOVA, promove o atendimento psicossocial a crianças, adolescentes e famílias vítimas de abuso e/ou exploração sexual de todas as regiões da cidade.
De acordo com Viviane Vaz, coordenadora geral da instituição, Leila era uma criança muito introvertida e apática, não demonstrava muitas expressões e tinha dificuldade para se relacionar. Também não era alfabetizada e apresentava defasagem escolar. No entanto, após receber atendimento psicológico individual e em grupo e participar de aulas de reforço e alfabetização, decidiu que gostaria de escrever sobre a violência que havia sofrido.
Foi então que a mãe de Leila recebeu uma carta, escrita pela criança, na qual ela relatava o acontecido e o que sentiu durante todo esse tempo. Porém, Leila pediu para que a carta fosse queimada antes de ser lida. Como sua mãe já sabia do caso, atendeu a vontade da filha.
Desde então, Leila se sentiu mais à vontade para ser quem realmente é. Uma criança que gosta de sorrir, correr e brincar. Segundo Viviane, o ato de escrever e as atividades de escrita – incentivadas durante o atendimento da organização – são meios de expressar o que se sente, colocando em uma folha de papel o que, muitas vezes, não se consegue dizer em palavras.
Hoje em dia, Leila ainda apresenta crises de pânico e choro eventualmente, mas em um grau bem menor do que ao iniciar seu tratamento. Também não convive mais com o avô, que foi preso após denúncias. Agora, tudo que Leila quer é exercer o seu direito de brincar, aprender e ser feliz.
Programa Nossas Crianças
O programa repassa recursos financeiros para organizações da sociedade civil que realizam atendimento direto e gratuito à crianças e adolescentes, entre 0 e 18 anos, que estão em situação de vulnerabilidade social, bem como oferece assessoria técnica e administrativa com o objetivo de fortalecê-las.
O apoio contribui para que as organizações possam ampliar e aprimorar seus atendimentos, realizar melhorias em espaços físicos, adquirir novos materiais pedagógicos, oferecer mais diversidade e qualidade nos alimentos ofertados às crianças e aos adolescentes e melhorar a gestão institucional.
O programa regularmente realiza acompanhamentos e visitas técnicas para monitorar o desenvolvimento das iniciativas e garantir o uso adequado dos recursos repassados.
Seja um doador e ajude a transformar histórias como a de Leila. Clique aqui para doar!
*Nome e imagens fictícios para preservar a identidade da criança