“Eu lembro até hoje o nome do programa. Era Adotei um Sorriso. Não era? Para você ver como me marcou. Eu me lembro disso porque fui uma das primeiras crianças a ser atendida pelo dentista.” César Cirino Batista foi abandonado pela mãe com apenas 4 anos de idade e acolhido pela Associação Filantrópica São Judas Tadeu, em Cuiabá (MT). Aos 13 anos, César perdeu três dentes quando sofreu um acidente. “Bem naquela fase que todo mundo começa a ser mais vaidoso. Por isso, desenvolvi uma dificuldade grande em falar com as pessoas. Colocava a mão na boca. Eu era muito tímido.”
A Fundação Abrinq – Save the Children levou o Programa Adotei um Sorriso para a cidade de Cuiabá quando César tinha 15 anos. “Como meu caso era muito crítico, os dentistas me deram uma atenção especial. Já durante o primeiro mês de atendimento, coloquei a prótese dentária, comecei os tratamentos e minha autoestima melhorou muito. Depois, o dentista me acompanhou durante um tempo para que eu pudesse me adaptar à prótese.”
O Programa se instalou na Associação Filantrópica São Judas Tadeu, que fica em uma região desfavorecida de Cuiabá. “Lembro do consultório que montaram na Associação, com cadeira, raio x, todos os equipamentos. Aqui virou um espaço que atendia crianças tanto que moravam na Associação quanto que viviam na comunidade.”
Ao completar 18 anos, César saiu da organização, empregado e cursando a faculdade. “Já estava preparado para o mundo.” Hoje, aos 30, ele é funcionário público e trabalha como voluntário da Associação. “Há 3 anos, a Associação ia fechar por falta de recursos. Alguns ex-internos se sensibilizaram e se reuniram para melhorar as condições, captando recursos. Eu fui um desses e atuo na administração do local. É uma forma de retribuir o que fizeram por mim a vida inteira.”